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terça-feira, 17 de setembro de 2013

PORRADA PLANEJADA

E já que o clima é Rock in Rio 2013 e dia 19/09 está chegando. Nada melhor que relembrar uma matéria com o ex-baixista do Metallica, Jason Newsted, falando sobre o clássico e ainda polêmico, Black Albúm.


Em sua esperadíssima volta ao vinil, o Metallica abandonou as epopeias sonoras e partiu para a simplicidade: um disco de rock rápido e pesado. O baixista Jason Newsted revela as dificuldades da produção deste adeus ao thrash, que está sendo considerado o melhor disco da banda.

A única coisa que indica que o homem à minha frente é o baixista de uma das maiores bandas de rock do planeta é seu anel: uma caveira rodeada de serpentes, em ouro.
Jason Newsted acaba de acordar - na verdade ainda está meio dormindo. Ele se joga no sofá, ajeita os óculos e suspira. "Já fizemos dois shows desta turnê Monsters Of Rock... amanhã em Donnington é o terceiro. Ainda estamos nos aquecendo... depois de tanto tempo longe dos palcos, é difícil." Ou seja: o Metallica está de volta - e com um disco aclamado como o melhor de sua carreira.
Para quem andou se perguntando onde estava à banda, a resposta é simples: depois de um ano e meio na estrada promovendo o álbum ...And Justice For All, eles pararam para descansar. Casaram, construíram casas, cuidaram da vida.

Depois de um tempo bateu a necessidade de retomar o grupo. Jason, o vocalista/guitarrista James Hetfield, o guitarrista Kirk Hammet e o baterista Lars Ulrich se uniram novamente para começar a trabalhar no seu quinto disco. Depois do sucesso de crítica e vendas do álbum duplo Justice, não deve ter sido fácil.
Pois eles conseguiram: superaram Justice. Metallica, o disco, entrou direto no primeiro lugar da parada britânica; o single "Enter Sandman" entrou direto em quinto lugar. Nos Estados Unidos, o single é uma das músicas mais pedidas nas rádios.

Uma novidade importante: em vez de temas longos e elaborados, o disco apresenta doze músicas curtas, diretas. Provavelmente por influência de Bob Rock, produtor do disco, que trabalhou antes com o Cult, Mötley Crüe e Bon Jovi. Mas que ninguém pense que a presença de Bob amenizou o ataque do Metallica. Eles continuam rápidos e pesados - só que agora em canções de três minutos, não dez.

A recepção excelente que o álbum recebeu não caiu do céu. A gravadora planejou o marketing do álbum cuidadosamente, e até a capa de Metallica, bolada pelo próprio grupo, se encaixa neste esquema.

A famosa capa é uma ideia de gênio: nada de monstros ou cores fortes. Ela é totalmente negra; se você forçar a vista, verá o nome da banda num canto e uma serpente em outro.Mas o Metallica não estaria vendendo tão bem, nem estaria na capa de Melody Maker, NME, e até Q e Time Out (que geralmente ignoram totalmente este gênero musical) se o disco não tivesse sido verdadeiramente bem recebido por quem realmente interessa - os fãs.

Acima, os melhores momentos da entrevista com Jason. Ele recorda todos os passos na produção de Metallica, do período de preparação ao estouro, da colaboração de Bob Rock à concepção do novo estilo do grupo. De quebra, relembra o Brasil, analisa o metal atual, elogia Police e Rush e revela seus discos prediletos no momento - você acreditaria em Ziggy Marley e Tom Waits?




PAUSA PARA MEDITAÇÃO

"Depois de dezoito meses na turnê de And Justice For All, estávamos esgotados. Precisávamos parar e gastar um pouco de dinheiro.”

"Foi um período importante para nós. Compramos casas, tentamos dar um jeito em nossas vidas domésticas. É importante ter uma âncora. Tocar numa banda é como viver duas realidades diferentes. Quando estou em casa me pergunto como é que consigo fazer show após show. Mas depois de dois dias na estrada, já esqueci onde minha casa fica!" 

A PRESSÃO DA VOLTA

"Ninguém de fora nunca tentou interferir com a ´fórmula´ do Metallica. Mas nós nos impomos um certo padrão ideal. Sabíamos que tínhamos que criar nosso melhor álbum. Reposicionar o Metallica para os anos 90... queríamos começar esta década com a força anterior."

FAZER SUCESSO SEM SE VENDER

"É uma coisa muito positiva, poder compor e tocar exatamente como queremos, e conseguir alcançar tanta gente. Nunca dissemos ´vamos escrever músicas curtas para agradar as rádios e a NME´. Produzimos um disco mais acessível, mais audível porque quisemos."

"O importante para nós é que o disco tivesse um bom groove, mais alma que os anteriores. O groove aconteceu com nossa tentativa de simplificar. Fomos jogando fora tudo que era supérfluo, indo direto ao assunto."

"Chega de músicas com vinte partes, seis mudanças de tempo, toda aquela coisa progressiva! O Lars começou a tocar de maneira mais básica, eu fiquei mais solto, deixando as guitarras fazerem o que tinham de fazer, e os vocais do James ficaram mais cheios de emoção." 


A PRODUÇÃO DE BOB ROCK

"Queríamos uma pessoa com ideias novas e diferentes. E quando conhecemos o Bob. vimos que ele era a pessoa certa. É tão diferente ter alguém no estúdio que tenha know-how, sem falar em seu incrível ouvido. Ele sabe obter os resultados que quer: sabe que botões apertar, que máquinas usar."

“É óbvio que o Bob conseguiu fazer com que déssemos o melhor de nós”. Foi incrível assistir às mudanças que ele trouxe ao James: ele foi se soltando, deixando as emoções fluírem."


ESTÚDIO

"No total, passamos nove meses e meio no estúdio. Houve momentos de tensão, um quase estrangulando o outro. Mas sabíamos onde estávamos indo. E acho que, no final, conseguimos a melhor qualidade de som jamais produzida em metal."


A CAPA

"Tivemos a ideia da capa preta quando estávamos trabalhando nos títulos. A ideia inicial tinha mais detalhes, mas, como na música, fomos tirando tudo que era desnecessário. Não queríamos nada que desviasse a atenção da música."

"É engraçado como as pessoas interpretam o que veem numa capa. Se você vê os monstros, espera um certo tipo de música. Nós também temos culpa, fomos parcialmente responsáveis pela criação daquelas imagens típicas do heavy metal."


EVOLUÇÃO

"Não dá para ficar se repetindo ano após ano. Todas as grandes bandas - como o Black Sabbath, o Led Zeppelin, o Police, o Rush - davam ou dão um passo à frente com cada novo disco. Crescem como músicos, compositores, pessoas."


THRASH

“Não quero parecer arrogante, mas acho que o Metallica está totalmente sozinho no que faz”. Chame de thrash, speed, o que quiser. Eu prefiro música rápida e pesada... Talvez tenhamos começado o movimento thrash nos Estados Unidos, mas não podem nos culpar pelo que as outras pessoas fazem (risos)..."


BANDAS

Toda nova música é uma reciclagem de algo anterior. Antes de nós havia tanta gente! Mas poucas bandas no gênero são tão distintivas quanto o Metallica. O Slayer é uma delas, apesar de não concordar com tudo que eles dizem. Do Anthrax... bem, não sei se conseguiria identificar uma música deles."

"O Faith No More... naquele disco eles conseguiram ir a tantas direções diferentes! Da última vez que falei com o Jim (Martin) ele disse que estava feliz com algumas coisas, infeliz com outras, das gravações do novo disco. Ele estava tentando fazer a coisa ficar mais pesada. Quanto ao Primus, é fantástico."

"Do Sepultura ouvi pouco, através do Phil, do Sacred Reich, mas gostei do que ouvi. Tem tanta coisa acontecendo no rock e no heavy metal! Tantas combinações! Olha só o Mordred: guitarra pesada, baixo funky e scratching... Todo mundo está explorando, e é assim que deve ser."


BRASIL

"Foi uma loucura! Foi bem no final de uma turnê de dezoito meses. Estávamos acabados. O engenheiro de som ficou doente, o Kirk ficou doente. Mas foi legal. Só queremos voltar e mostrar do que realmente somos capazes." 

TOP FIVE


"Meus discos prediletos? O novo de Ziggy Marley, Jahmekya. The Early Years, do Tom Waits. Legend do Bob Marley... gosto de tudo do Bob Marley. Thin Lizzy, Bad Reputation. I Stand My Ground do Clarence Gatemouth Brown. E qualquer coisa da Motown: Jackson Five, Temptations etc. As únicas bandas pesadas que ouço são o Sacred Reich e o Violence. Talvez se eu ouvir mais o Sepultura eles entrem na lista."
METALLICA AO VIVO - GINÁSIO DO IBIRAPUERA 1989

O Metallica está próxima de aportar em nosso país para mais uma apresentação. Mas, em meados dos anos 80 isso ainda era um sonho, que tomou forma em Dezembro de 1989. Relembre (quem foi) ou imagine como foi essa apresentação matadora.

         É difícil de acreditar, mas eles vieram mesmo. Podíamos esperar qualquer outra banda, menos aquela que está em primeiro lugar entre as melhores de thrash no mundo. Com todos os seus quatro LPs lançados aqui, o público de som pesado sonhava vê-los pelo menos desde 84. Os boatos se concretizaram e o Metallica chegou ao Brasil para o epílogo da turnê ... And Justice for All, depois de mais de 250 shows por todo o planeta.
          Até o pessoal do interior veio em massa. Filas gigantescas e muita expectativa era o que se via por toda a parte. Infelizmente, parte do cenário original não veio: a estatua da justiça marca registrada da turnê que, como a bateria, deveria ser desmontada no decorrer do show. Lá estavam apenas o pano de fundo e alguns degraus no palco, parte das ruínas romanas que compõem o clima do espetáculo. No Brasil, nada é como deve ser, embora isso não parecesse importar muito à plateia. Exatamente às nove e meia (o show estava marcado para as nove horas), as luzes do ginásio do Ibirapuera se apagaram levando todos aos berros, contidos na espera.
                Lars Ulrich surge atrás da bateria apontando para cima, enquanto James Hetfield instiga à plateia a loucura com os riffs de "Blackened". Foi brilhante: a presença deles no palco é tribal, ao mesmo tempo em que transborda profissionalismo. Kirk Hammett corre de um lado para o outro do palco, revezando posições com o baixista Jason Newsted. Todos se vestem de preto e Hetfield exibe a cabeça recém-raspada dos lados e bigodes ruivos, combinando muito bem com sua performance agressiva e imponente. Ao término da segunda canção todos saem deixando Jason só, embarcando num solo de baixo carregado de delay, distorção e pedal de volume. Ele é bem aplaudido, mas deixa no ar certa saudade do falecido Cliff Burton.
                Quando a banda retorna, Kirk esta empunhando uma Gibson Les Paul, fato inédito. O público canta junto todas as músicas e a troca de energia atinge seu máximo em "Fade to Black" e "Master of Puppets". Impossibilitado de subir ao palco pela forte proteção, o pessoal teve de se contentar com os banhos de cerveja atirados por Hetfield entre uma música e outra. Por mais uma hora, somos presenteados com milhões de decibéis até que a banda se retira sob o coro uníssono pedindo bis.

                As luzes se apagam no ambiente e se inicia um playback com som de bombas e metralhadoras, até eles retornarem com "One". Nem o publico nem a banda parecem cansados. Kirk detona um excelente solo de guitarra com uma Stratocaster para que tudo se encaixasse perfeitamente, com bastante wah-wah e um trecho de "Little Wing" de Jimi Hendrix, que mostraram o que aprendeu nas aulas com Joe Satriani. Do cacete! Mas eles acabam voltando para um novo set, desta vez com mais clima de final de show´. Tocam "Blitzkrieg" e "Am I Evil" do Diamond Head com os instrumentos invertidos - Hetfield na batera e Lars encarnando Bruce Dickinson nos vocais. É uma jam memorável. Com "Last Caress", do Misfits, o ginásio quase veio abaixo. Pelo público, eles tocariam a noite inteira, mas eles encerram com "Bread Fun", para tristeza geral.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

ENTREVISTA AXL ROSE (PARTE II)


Na segunda parte da entrevista AXL fala sobre a saída de IZZY STRADLIN e STEVEN ADLER da banda, de seu relacionamento conturbado com SLASH, abusos sexuais sofridos na infância e mais. Com certeza essas entrevistas são o retrato fiel de AXL à época. Boa leitura!


Continuamos do ponto em que paramos na edição passada. AXL me telefonou depois de um pequeno intervalo...


No começo da sua turnê - primeiro com SKID ROW, depois com SOUNDGARDEN - o show parecia calcado no Illusion. A maioria das músicas eram de discos novos. E depois, mais perto do final da turnê, parecia ter mais músicas do Appetite For Destruction. Por que isso?
Era o que sentíamos nessas noites. Tocamos o que deu vontade. Quero dizer, em San Diego abrimos com It´s So Easy, e nunca mais fizemos isso.

Você ainda não disse por que IZZY STRADLIN deixou o GN´R. Você poderia explicar o que aconteceu e, mais importante, qual o sentimento que tem por IZZY?
Eu me sinto como se ele tivesse cagado em cima de mim. Limpei a sujeira e ainda não me recuperei disso. Por um tempo pensei que o IZZY quisesse ser mais independente, mas o Guns N´Roses decolou rápido, e ele fazia tão parte disso que foi duro tomar uma decisão. Haviam certas responsabilidades com o GUNS AND ROSES que IZZY não queria encarar. Basicamente, não queria trabalhar tão duro em certas coisas como nos fazíamos. Aparecia só na hora de entrar no palco. Ficava puto porque eu estava atrasado, tocava, aí puxava o carro. Houve vezes em que, quando acabávamos o show, passava cinco minutos e ele já tinha ido embora. Não socializava com a banda, e tinha um sério problema em ficar sóbrio. IZZY sempre foi muito compulsivo e impulsivo, e apesar de não abusar mais de várias substâncias, ainda não chegou ao motivo do porquê de ser tão exagerado. Não solucionou isso, então, ao invés de se drogar, beber e farrear, ele se mantém ocupado viajando, andando de bicicleta e comprando um monte de brinquedos. Não há nada de errado com isso, exceto que ele não foi capaz de fazer as coisas que eram requeridas pelo GUNS AND ROSES. Fazer o IZZY trabalhar duro num álbum era como arrancar um dente. Todo mundo tinha bode disso. Ninguém iria ao estúdio enquanto ele estivesse lá, porque ninguém queria lidar com ele. Ele tocava algo fora do tom, e se nós pedíssemos para repetir, diria "Por quê? Eu acabei de fazer isso." IZZY, em geral, não me apoiava. Ele era bastante preocupado com seu tempo livre, e não entendia muito do que preciso para fazer meu trabalho. Pelo que sei, ele era vagabundo e egoísta. Houve momentos em que senti sua falta, e gostaria de ter tido capacidade de tê-lo suportado, mas para ele eu era um cuzão. Sempre fui fã de seu trabalho, mas ele que se foda - você pode publicar isso. Mesmo que nós voltemos a ter amizade, não vou me arrepender do que eu disse nesta entrevista, porque é isso que sinto. Estou contente de termos feito músicas juntos e estou contente que ele foi embora.

Ele realmente te machucou, hein?
Você quer saber o que me magoou de verdade? Quando ele veio aqui à minha maldita casa e agiu tipo, "O quê há de errado, cara?" É bem estranho. Eu sabia que ele estava vindo. Pude sentir literalmente seu carro chegando enquanto me vestia. Fui lá fora e me atei, porque IZZY não poderia estar realmente chegando na minha casa. Eu não conseguia fingir que era seu amigo, não depois do que ele fez para mim. E ele apareceu. E agiu como se não tivesse feito nada, quando nos abandonará numa hora ruim. Não era como se alguém estivesse deixando o grupo porque não estava agüentando mais. Ele cagou na saída. IZZY chamou todos os membros da banda e tentou virá-los contra mim, dizendo que era eu quem estava pisando com ele, e não foi isso que aconteceu. Ele disse um monte de merda nas minhas costas. Tentou jogar pesado e nos atingir na sua saída, e isso realmente é de foder.

Quer falar sobre outro ex-membro da banda, o baterista STEVEN ADLER?
A lenda é que nós o mandamos embora sem motivo, e que eu era o ditador por trás disso tudo. A verdade é que eu provavelmente lutei um pouco mais para mantê-lo no grupo porque eu não estava trabalhando com ele diariamente, como o resto da banda. Eles ficaram cansados de não fazerem seu trabalho porque o STEVEN não era capaz. Li entrevistas onde ele disse que era um cara limpo. A maior parte do tempo, não. É o tipo de pessoa que quer todas as coisas na mão. Em um certo ponto, só para manter a banda unida, seria necessário dar ao cara uma parte dos meus direitos de publicação. Esse foi um dos maiores erros que já fiz em minha vida, mas ele blefou bem, dizendo que não iria permanecer na banda. Nós estávamos preocupados com o fato de não podermos gravar o primeiro álbum, então eu fiz o que senti que deveria ser feito. Paguei bastante para manter o STEVEN no GUNS AND ROSES. Paguei um milhão e meio de dólares, dando 15% dos meus direitos de Appetite For Destruction. Ele não escrevia nem uma nota, e me chama de egoísta filho da puta! STEVEN tem sido capaz de viver bem com esse dinheiro, comprar um carregamento de drogas e advogados para me processar. Se e quando perder a ação que move contra nós, ele terá que pagar esses advogados, se é que terá algum dinheiro sobrando, com a grana que veio do GUNS AND ROSES e de eu próprio. Neste ponto eu nem me importo com o que vai acontecer com STEVEN ADLER, porque ele conseguiu sair da minha vida, fora do meu carinho e preocupação, completamente. De qualquer jeito, me sinto mal por ele ser uma pessoa bastante danificada, mas é a sua própria escolha que o mantém desse jeito. Não há nada que possamos fazer agora. Nós o levamos a clínicas de reabilitação. Ameaçamos seus fornecedores de drogas e o ajudamos quando cortou os pulsos. Até perdoei quando ele quase matou minha esposa. Tive que passar uma noite com ela numa Unidade de Tratamento Intensivo porque seu coração parou graças ao STEVEN. Ela estava histérica, e ele aplicou nela uma dose de "speedball". Ela nunca mais tinha tentado esse tipo de merda antes, aí o cara vai lá e aplica nela uma mistura de cocaína com heroína? Mesmo assim, fazia qualquer coisa por ele. Eu o impedi de ser morto por membros da família da minha esposa. Salvei-o de ir a julgamento, porque até sua mãe queria que ele pagasse pelo que fez. E o filho da puta se vira contra mim? Eu quero dizer, tudo bem, eu sou uma pessoa difícil de se lidar e sou foda de se entender - e eu tive minha parte nos problemas -, mas STEVEN se beneficiou muito mais do eu no seu envolvimento comigo do que eu com ele. STEVEN tinha muitos fãs, mas ele era de foder. E eu tenho que mantê-lo na minha vida? Vai se foder!


Agora que falamos sobre isso, o que você acha de mostrar o outro lado da moeda: os caras novos, especialmente o guitarrista GILBY CLARKE?
GILBY é incrível, é um prazer de se ter ele em volta, Ele trabalha bem o palco e a multidão. Também nos dá um senso de normalidade no rock´n´roll - se é que existe algo assim. GILBY tem um jeito de entender as coisas e de lidar com situações inesperadas que deixa a viagem mais tolerável. Suas dicas, como sendo alguém de fora do GN´R, nos ajudou bastante. Ele tem suas opiniões do que está acontecendo conosco e isso ajuda a nos dar a perspectiva diferente, porque o SLASH, o DUFF e eu estamos no GN´R por tanto tempo que às vezes não vemos coisas que as outras pessoas vêem. Ele passou por tanta coisa nos outros grupos, que tem uma educação própria do rock´n´roll. Agora é parte do GUNS AND ROSES.

Ele é um "membro" do GUNS AND ROSES?
Essa coisa de ser membro é meio interessante. Li uma entrevista em que o MATT (SORUM, baterista) dizia que se não chegasse a ser membro, não estaria no GUNS AND ROSES. A verdade é que MATT é um membro do GUNS, mas isso não quer dizer nada. E coisa tipo gangue de clube noturno. Nós somos todos membros dessa gangue. MATT é um membro GN´R e sua opinião é levada em consideração. Levando em conta isso. GILBY é um membro também. DIZZY é um membro da banda. Como todo os cantores de apoio, a parte de metal, tecladistas ... Encaramos que todos nós somos membros do GUNS AND ROSES. Mas a linha básica e dirigida SLASH e eu. Então levamos ao DUFF qualquer coisa que estivermos discutindo, para ver se ele acha legal. O GUNS AND ROSES é basicamente SLASH, DUFF, DOUG GOLDSTEIN e eu, mas há muitas outras pessoas envolvidas que são partes de nossas vidas e parte de nossas famílias.

Você acha que o MATT vai ficar chateado quando ler isso?
Seria bom que ele não ficasse. Amo todo mundo da banda. É botar para quebrar e sentir o calor e o astral no palco. Nesse ponto são os doze de nós que estão no palco colocando tudo para fora.

Vocês são em doze?
Tem o TEDDY, tem o DIZZY, a ROBERTA, TRACY, LISA, CECE,  ANE, GILBY, MATT, DUFF, SLASH e eu. Foi o SLASH que juntou essa galera, que fez todo o trabalho de base. Ele trabalhou tão bem que ainda não estou acreditando que isso aconteceu. Estou feliz por fazer parte  disso. É uma coisa grandiosa, e nós podemos chamar mais alguns dançarinos, que nem aqueles que tínhamos nos velhos tempos de Troubadour (boteco em Los Angeles). Temos levado isso em consideração.

Quando você e o SLASH não estão apertando a garganta um do outro, vocês são realmente uma força que deve ser considerada.
Deixe-me dizer algo sobre esse lance de um ficar apertando a garganta do outro. Isso não tem acontecido faz mais ou menos um ano e meio. Eu amo SLASH. Somos pólos opostos de energia; mas nos completamos. Um anima o outro a trabalhar, e assim nos completamos. Tivemos um desentendimento em Dayton (Ohio), porque tanto eu como DOUG pensamos que ele havia dito alguma merda para eu no palco. Essa foi a noite em que cortei minha mão até chegar no osso. Nós temos monitores atrás do palco e enquanto eu estava lá, dando um trato na minha mão, pensei ter escutado ele dizer algo escroto para mim. Enrolei uma toalha na minha mão e estava me sentindo tipo "vamos acertar isso, assim posso terminar logo esse show". Voltei ao palco e fiquei escroto com ele, e disse que ia quebrar a sua maldita cara na frente de 20 mil pessoas. Foi uma estupidez fodida. Eu estava errado, e me desculpei no momento em que me liguei que não estava com a razão. Uma pessoa que me apóia como ele, é uma mão que não quero morder.

O tributo à FREDDIE MERCURY foi super legal. Como foi tocar junto com lendas como QUEEN e ELTON JOHN?
Foi a experiência mais reveladora da minha vida. Foi super intenso. Quando nos encontramos pela primeira vez com BRIAN MAY no verão passado, foi demais. Nenhum de nós queria deixá-lo sair da sala, ele é uma das pessoas mais legais que já conheci. Quando cantei "Bohemian Rhapsody", nós não tínhamos ensaiado. O BRIAN me pediu para fazer isso naquele dia, e eu me senti bem. Conversei com ELTON antes do show, ele estava intranqüilo pelo fato de se encontrar comigo - você sabe, sou supostamente o cara mais homofóbico da Terra. Quando nós conversamos, eu estava excitado mas sério, e disse a ele o quanto sua música significava para mim. No final, ele estava tipo "Opa". No palco, eu tentava me mostrar o mais respeitoso possível. Eu estava vibrando e se você olhar de perto, pode ver algumas vezes quanto amor e respeito tenho por ELTON. Havia um contato olho a olho rolando. Foi impressionante. O JOHN NORRIS da MTV ficou dizendo "Essa pode ser a última vez que você vê ELTON JOHN com AXL ROSE juntos no palco". Não que eu tivesse alguma coisa com isso.

Vamos conversar sobre música.
Tudo bem. Uma das minhas bandas favoritas é o U2. Eles não eram, mas são agora. Eu costumava não entendê-los. Não conseguia ver o mundo que eles cantavam. Amor, dor e comprometimento? Somente em algumas músicas, como "With Or Without You", eu podia relacionar e entender. E esse foi o som que ouvi um pouco antes de ter uma overdose por causa de meu relacionamento (com sua ex-esposa), que estava fodido. Mal podia ver as coisas que eles estavam cantando, - naquilo em teoria, mas a verdadeira expressão, não via de maneira alguma. Agora posso ver algo de diferente na música do U2, e isso não tem nada a ver com o jeito que eles atuam ou como estão se vestindo. Existe um sentimento diferente na música. Acho que a música "One" é uma das melhores canções já escritas. Agora posso entender por que as pessoas gostavam do U2 há anos atrás.

O U2 nunca fez algo como "One In A Million".
Minha opinião é que as pessoas não podem se identificar com essa canção. Ela inspira pensamentos e reações que acordam as pessoas, fazendo-as lidar com seus próprios sentimentos de racismo, discriminação e sexualidade.

Mas AXL ROSE disse "viados" e "crioulos".
Muitas outras pessoas também já disseram isso.

É, mas é bem fácil se sentir cheio de direitos e apontar o dedo para você.
Escrevi uma música que era bastante simples e vaga. Era um tipo de pintura que eu estava pintando para mim mesmo, porque essa é a maneira que escrevo música. Tente ir a um museu e não ver pinturas que mostram dor, sofrimento e confusão... Eu acho que mostrei isso de maneira satisfatória. Definitivamente, esse som era um mecanismo de sobrevivência. Era uma maneira para expressar minha raiva e o quanto vulnerável me senti em certas situações que ocorreram em minha vida. Não é uma música que eu escreveria agora. O som é bastante genérico e generalizado, e eu pedi desculpas por isso na capa do disco. Voltando no tempo e lendo aquilo, não era a melhor desculpa, mas era a melhor que eu podia fazer naquele momento.

Levando em conta todo o buchicho que rolou em "One In A Million", alguma vez você chegou a se arrepender de ter dividido isso com o mundo?
Estou no muro com essa música. É bastante poderoso. Sinto que, tão longe quanto a liberdade artística e minha responsabilidade a essas crenças permitam, esse som deveria existir. Essa é a única razão pela qual não puxei isso da prateleira. Liberdade e criatividade nunca deveriam ser censuradas. Se soubesse que as pessoas pudessem se machucar por causa dessa música, então eu estaria errado.

Muitas bandas tendem a se envergonhar da honestidade e da dor que sai de suas músicas, especialmente aquelas músicas que lidam com suas relações amorosas. Não é muito macho se sentir machucado.
Isso é sobre enfrentar a sua dor, e não há muitas pessoas que querem fazer isso. Isso é bastante normal. Resisto e enfrento uma luta sem fim para evitar expor algumas partes da minha pessoa para mim mesmo.

Quando as pessoas lêem que você faz terapia e trabalha seus problemas, esses termos são bastante vagos.
Estou continuamente aprendendo que, quando estou deprimido, há uma razão para isso que não estou sabendo. Poderia ser algo que aconteceu muito tempo atrás e tenho carregado uma base disso desde então. Esse pensamento base não foi exposto desde que aconteceu e nunca foi curado. Enterrei tão fundo que eu nem sei que está lá. Eu posso conversar sobre a vida, o amor e a felicidade, mas embaixo disso existe um pensamento doentio. Ou raivoso. Ou medroso que eu ainda estou trabalhando. Através de voltar vagarosamente para trás.

Como?
Existem vários métodos, mas basicamente é entender como você se sente e o que realmente te importuna, focalizando o assunto, e aí, com ajuda do meu terapeuta, eu trabalho no sentido de liberar meu inconsciente. A menos que o seu eu verdadeiro sinta dor, por que você gostaria de se separar disso? A maior parte das pessoas são fechadas. Quem é que sabe como voltar ao passado e curar a própria dor? Ter ajuda e ser capaz de aceitá-la e bem mais forte e algumas vezes muito mais fácil. Mas de vez em quando é bem mais difícil. Quero dizer, quem quer precisar de ajuda? Achei alguém em quem confio, e assim fica fácil de trabalhar. Os métodos não são necessariamente importantes; o que realmente conta é chegar lá e sanar o problema. Um psicólogo pode extrair isso melhor do que eu poderia. Fazendo isso, eu poderia queimar algumas pessoas. Pode parecer meio estranho, mas está funcionando. Tenho certos problemas emocionais, mentais e físicos, e não quero conviver com eles mais do que eu devo. Sou obcecado em sobrepor isso. A única maneira que uma pessoa pode dizer se precisa de ajuda é quando não importa o quão feliz você esteja, no fundo sabe que está uma merda. Eu tenho estado assim por muito tempo, mas agora não me sinto mais um merda.

Isso é uma mudança notável - para melhor - na maneira como você se segura.
Ainda carrego alguns elementos do punk; mas, se vivesse assim agora, estaria caminhando para trás. As pessoas precisam passar por estágios diferentes. Um grupo formado por caras de 19 ou 20 anos que dizem que "tudo é uma merda" tem o direito de se sentir desse jeito, e também tem o direito de se expressar. Mas existe vida após os 21, se você pode viver tudo isso - o que é uma bosta para todos nós. Quem é que sabe? Eu poderia me sentir realmente deprimido e ter uma overdose na próxima semana; mas não penso assim, isto é, espero que não.

Você leva seu psicólogo junto nas turnês?
Algumas vezes, quando sinto que posso precisar de ajuda. Se nós não estivéssemos em turnê, eu me concentraria mais em resolver meus problemas antes de excursionar, mas isso tem sido impossível. Os álbuns precisavam ser trabalhados. Não é porque eu os escrevi, mas sinto que"November Rain" e "Estranged" têm a chance de ser mescladas na cultura musical. Então vou lutar por isso e tentar espalhar para o máximo de pessoas possíveis. Fico mordido quando ouço uma bela faixa de um disco e o autor diz "É, mas o público não sentiu isso". Eu falo: "O que você quer dizer com isso?" O público também não gostava de "Jungle", e agora esta aí.

Recentemente você foi à público na revista Rolling Stone falar sobre abusos que sofreu na sua infância.
Eu tenho minha parte de pauladas, pedras e facadas; de pessoas tentando me fisgar por qualquer razão. Gostaria de ser mais "acionário" do que reacionário. Sou bastante danificado, e não quero que as pessoas tenham pena de mim. Em vez de eu ser eu mesmo, eu era um produto do ambiente, e isso foi algo que o GN´R jogou de volta na cara das pessoas em todo mundo. "Você não gosta de nós? Então vai se foder! Você ajudou a nos criar. Sua maneira de fazer as coisas ajudou a sermos o que somos. Não tínhamos escolha. Não podíamos ser diferentes." Quando você alimenta alguém com merda, e ele tem os culhões de dizer a você que gosto tem. A maior parte das pessoas encana com isso. O povo não sabe como suportar uma criança quando não sabe como aceitar ajuda.

O que você quer dizer com isso?
Se uma criança sofre uma agressão, e alguém oferece ajuda, e o menino foge, a punição não surte o efeito desejado. Em vez de ajudá-lo e tentar chegar até ele, dizem "você tem que trabalhar seus problemas agora! Você está me entendendo?" Isso não funciona. Palavras de comando tipo cale a boca! Fique sentado! Não funcionam se você está tentando ajudar alguém ferido. Sofri uma lavagem cerebral na Igreja Pentecostal. Não sou contra igrejas ou religiões, mas acredito que a maior parte das religiões enganam a humanidade. Minha igreja estava lotada de hipócritas certinhos que molestavam e abusavam de crianças. Eram essas as pessoas que estavam "encontrando" Deus mas que ainda estavam danificadas e passando isso aos seus filhos. Eu tinha que ir à igreja de três a oito vezes por semana. Estava aprendendo a Bíblia na escola enquanto era espancado e minha irmã molestada. Podíamos assistir à TV uma vez por semana, ai meu padrasto jogava a TV fora, falando que era obra do demônio. Não me permitiam ouvir música. As mulheres eram coisa do demo. Tudo era demoníaco. Eu tinha uma visão distorcida da sexualidade e das mulheres. Me lembro da primeira vez que tomei uma porrada por estar olhando uma mulher. Não me lembro o que estava olhando nem que idade tinha, mas era uma propaganda de cigarro com duas garotas de biquíni saindo d´água. Eu só estava vendo TV sem pensar em nada, só olhando - e meu pai deu um murro na minha cara, e eu voei no chão, Alguém veio dizer: "Cara, passe por cima disso". Ah é? Vai se foder! Queira ou não, esse incidente ficou no meu inconsciente. Em qualquer lugar que houvesse alguma forma de sexo, como um beijo, nós não podíamos olhar. A lavagem cerebral do meu pai foi tamanha que começamos a nos virar para nós mesmos. Nós nos escorávamos. Minha mãe deixou que tudo isso acontecesse porque ela era muito insegura, incapaz de ficar sem meu padrasto. Ela me viu ser danificado profundamente por não estar nem aí para mim, minha irmã e meu irmão. Sempre senti uma grande ansiedade em voltar e ajudar a minha mãe. Me sentia obrigado, mas agora não me sinto assim. Ainda sinto raiva mas estou tentando vencer isso. Enterrar o problema não funciona mais. Eu enterrei por muito tempo. É por isso que ha uma lápide no final  do vídeo de "Dont Cry". Assisti a vida de quase todos dessa igreja virar uma merda por causa da própria hipocrisia consumi-los.

Que efeito isso teve nas crianças?
Bem, isso nos deu uma boa opinião sobre Deus. Confundiu as coisas. A Bíblia me foi enfiada goela abaixo,e isso distorceu meu ponto de vista. Meu pai trazia um bezerro para casa, mas o que eu queria mesmo eram dois hambúrgueres do McDonald´s. Fomos ensinados "você deve temer a Deus". Não acho isso saudável. Posso te dizer que não sei o que Deus é ou deixa de ser. mas não tenho medo Dele, Me sinto muito melhor assim. Não tenho mais medo dele, não sinto que serei punido por ele com os obstáculos que ocorrem na minha vida. Se estou parecendo meio careta, não é isso. Eu sou mordido por isso, mas não sou contra pessoas. Não gosto de ver pessoas miseráveis nem pessoas se matando enquanto dizem que estão felizes. Com ajuda da terapia de regressão descobri que meu pai verdadeiro, não meu padrasto, abusou sexualmente de mim. A raiva mais poderosa era a raiva de um garoto de dois anos, porque era dor. Nada pode me amedrontar, porque já vi o inferno. Fui morto aos dois anos e vivi através disso. Me senti mal por 28 anos. Meu padrasto entrou em minha vida quando eu tinha três ou quatro anos, e não conheci meu verdadeiro pai até os 17 anos. Fui separado de mim mesmo na mais tenra idade, e meu padrasto, com suas confusas mensagens - uma mistura de amor e ódio -, se certificou para que eu não me juntasse. Ele me amava num minuto, aí no outro me batia. Tive que aprender como lidar com essas duas personalidades. Dei dois passos à frente e um para trás, mas estou nessa. Há muitas coisas que são novas para mim, mas não vou deixar que o meu medo me impeça de progredir.

Como você acha que os seus traumas de infância afetaram sua vida sexual?

Eu não conseguia estar sexualmente numa boa com alguém, porque eu estava montado de uma maneira que me sentia como se estivesse fazendo algo de errado - mesmo se fosse alguém que eu gostasse. O único jeito que eu sentia tesão em sexo era se eu fosse o "bandido". Aí fiquei cansado de ser o bandido. Amo a pessoa que sou agora. Por que sempre tenho que manter um nível baixo de estima pessoal para me sentir bem? Não me sinto legal sentindo como se fosse um pedaço de merda, e não quero me sentir como um pedaço de merda. Mesmo se isso tivesse entrado na minha cabeça alguns anos atrás, através da leitura sobre abusos e fazendo o trabalha que estou agora. Descobri que é assim que isso funciona. É uma coisa bastante estranha de se lidar. Sabe como é, sou um homem crescido. Isso foi há muito tempo. Suponho que eu tenha dado a volta por cima. Talvez. 



segunda-feira, 9 de setembro de 2013

CHAMPIGNOM, EX- BAIXISTA DO CHARLIE BROWN JR. É ENCONTRADO MORTO

O baixista da banda Charlie Brown Jr. foi encontrado morto em seu apartamento na Zona Oeste de São Paulo no início da madrugada dessa Segunda feira.
O corretor de imóveis Alexandre Benaion, vizinho do músico, relatou que ouviu um barulho de tiro vindo por volta da 0h, seguido de gritos da mulher de Champignon. A esposa do músico, grávida, abriu a porta do apartamento chorando muito e gritando: "Amor, você não fez isso".
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O músico Luiz Carlos Leão Duarte Junior, de 35 anos, foi encontrado com um tiro na boca. Ao lado do corpo foi encontrada uma pistola 380 e a PM trabalha com a hipótese de suicídio. A sua esposa foi levada a um hospital da região em estado de choque.
Após a morte por overdose de Chorão, vocalista do CBJR, em Março o baixista formou a banda "A BANCA", Champignon tinha 35 anos.


Fonte: Em 09/09/2013 | Charlie Brown Jr.: Champignon é encontrado morto em São Paulo http://whiplash.net/materias/news_823/187934-charliebrownjr.html#ixzz2ePKYKdse
GEEZER BUTTLER FALA DE VIDA, ANIMAIS E RELIGIÃO

Tradução: Alessandro Eduardo
Recentemente PureVolume conduziu uma entrevista com o lendário baixista do BLACK SABBATH, GEEZER BUTTLER. Segue abaixo trecho da conversa.

PureVolume: O que te faz feliz, pessoalmente, no seu dia-a-dia quando não está em turnê?
Geezer: Eu vivo em Beverly Hills, e tenho muitos cachorros, então eu tenho que levá-los para passear. Ou apenas me sento à beira da piscina, fico lendo. Meus cães foram todos resgatados - eu resgatei cinco deles agora, mas são como vira-latas. O mais próximo de um de raça é um Cavalier King. Todos eles estavam severamente machucados e nós os resgatamos de vários lugares. Eu tenho sete gatos, também. E alguns escorpiões no quintal. Há vários tipos de coisas da colina daqui onde moro: escorpiões, tarântulas, coiotes e veados. Muitos veados. Isto é ótimo. Quero dizer, aqui é o território deles, não é? Então, somos nós que invadimos o território deles. Você só tem que encontrar a felicidade dentro de você mesmo. E eu tento encontrar essa felicidade resgatando animais - eles são tão amorosos e gratos depois, quando você os dá um bom lar.
PureVolume: Você escreveu a letra de God is Dead? E como Richard Dawkins e depois Christopher Hitchens, é moda ser ateu agora. Mas por que a ciência e a religião não podem co-existir pacificamente?
Geezer: Sim. É sobre isso que essa canção trata. É sobre o cara que está cansado de ouvir que Deus está morto, então ele se propõe a provar o contrário.
PureVolume: Em que o senhor acredita?
Geezer: Eu não sei bem. Eu fui criado como católico, então tenho isso meio que enraizado em mim. Bem, eu não vou a igreja ou coisa assim. Às vezes acho que é como ficção científica, ou um pouco de ficção e em outros momentos volto a rezar para Jesus.. Então, eu realmente não estou convencido sobre nada. Mas quando eu estou em um avião? Eu sempre rezo.
PureVolume: O que você acha que vem a seguir, após essa vida?
Geezer: O quê? Quando eu for enterrado? Eu acho que é apenas morte e é isso. Mas então, quem sabe? Eu já vi vários fantasmas - eu não sei se isso significa alguma coisa. Eu os via quando era criança, em casa. Eu e minha irmã víamos uma mulher velha, descendo as escadas e isso realmente nos assustava. Era um fantasma, flutuando escada abaixo. A casa que eu cresci, era um pouco no velho estilo Vitoriano. Um dia, eu saí do meu quarto, e havia um cara ali parado, olhando para as escadas, vestidos com roupas dos anos 20. E então ele simplesmente desapareceu. Mas tudo isso foi quando eu era criança, por volta dos meus sete ou oito anos, e realmente após isso eu nunca mais vi coisa alguma. Mas quando eu e minha irmã pela primeira vez, nós não imaginávamos o que era. Então, eu não tenho certeza se era um espírito que vive dentro das paredes de um determinado lugar ou o quê. Quem sabe?
PureVolume: Você finalmente anda otimista sobre o futuro?
Geezer: Eu sou uma das pessoas mais sortudas sobre a face da Terra com a minha vida, sabe? Tenho uma grande banda, grande família, grandes amigos em minha volta, então não tenho razões para ser pessimista. Então, tudo se resume as outras pessoas, eu suponho que temos que cuidar das outras pessoas. Esse negócio de religião está enlouquecendo agora, com o Egito e tudo mais. Sunitas contra Xiitas, os Palestinos contra Israel. Não tem fim. E está começando na África, sabe, como na Somália. Parece que eles nunca aprendem. Quero dizer, porque não podemos apenas viver em paz? Eu consegui fazê-lo.
Leia a entrevista completa (em inglês) em:
http://www.purevolume.com/news/geezer-butler-black-sabbath-i...


Fonte: Black Sabbath: Geezer Butler fala de vida, animais e religião http://whiplash.net/materias/news_823/187938-blacksabbath.html?utm_source=dlvr.it&utm_medium=facebook#ixzz2ePG0PQNp

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

ENTREVISTA AXL ROSE (PARTE I)


          O telefone tocou. Era Blake, secretário pessoal de W. Axl Rose, perguntando se eu estava pronto para uma entrevista com o arisco e polêmico líder do Guns N´Roses. Apesar de estar ocupado com outros projetos, não sou bobo de passar essa bola para outro. Mas Blake fez um pedido pouco usual: em vez de uma conversa cara a cara, Axl queria fazer a entrevista por telefone. Meio incomum, mas não problemático. Data e hora foram agendadas.
          O que se segue é a nossa conversa-maratona. Em vez de uma entrevista formal, é mais como se o leitor fosse convidado a escutar um bate-papo. Conheço Axl da mesma maneira que qualquer um pode conhecer Axl. Tenho orgulho de considerá-lo meu amigo, e por isso mesmo não tenho medo de dizer a ele o que sinto ou se ele está sendo escroto. Não, não vou publicar o número do telefone dele. Mas se você quer entrar no jogo, sente-se perto do telefone e espere pacientemente (claro que ele se atrasou para ligar; goste ou não goste dele, o homem é coerente). Imagine o telefone tocar e tire-o do gancho...

É meio estranho fazer a entrevista pelo telefone.
Você sabe porque eu quis fazer desse jeito? Algumas vezes as pessoas dizem coisas mais pesadas pelo telefone do que fariam pessoalmente. Então achei que seria legal dessa maneira, principalmente porque estou tentando manter minha privacidade. Posso fazer isso ao meu próprio espaço, e só falar.

Eu tenho cinco fitas de 100 minutos, então podemos conversar até derreter.
Certo.

Mesmo te conhecendo bem, ainda leio artigos em revistas para saber o que é dito sobre o Guns N´Roses e, em particular, sobre você. A última entrevista com alguma substância foi a de Kim Neely na Rolling Stone, mas você ainda está em todas as revistas. Leio coisas que nada têm a ver com o GN´R, artigos onde você é comparado a Adolf Hitler ou algum outro tipo de demônio, somente para pôr um tempero no artigo do jornalista.
Acho que há um grande medo do desconhecido, e o meu novo lance é "Eu sou o desconhecido".

Parece algo que o Stephen King diria. Porque você é o desconhecido, e por acaso você é assim de propósito?
Sim, parcialmente, estou tentando não me expor demais. Negatividade vende, e a mídia sabe disso. "Axl Rose é o bandido do rock´n´roll". Existe um monte de pessoas que achava que os Rolling Stones não deveriam existir, que falou merda sobre eles. Agora nós somos enormes, e parece que as pessoas que fazem mais barulho são as que não gostam de nós. Elas pegam qualquer pedra e jogam na gente. Quando leio que o Guns N´Roses é a trilha sonora perfeita para David Duke (político americano de extrema-direita, isso me machuca. Eu não estou nem aí para David Duke. Não sei nada sobre o cara, exceto que ele era membro da Klu Klux Klan, e isso é uma merda. Existe um monte de gente  que escolheu usar aquela música ("One In A Million") pelo que imaginam que o som queria dizer. Se eles detestam negros, eles vão escutar minha música e detestar os negros ainda mais, mas me desculpe, não é isso que eu quis dizer. Nossa música afeta as pessoas, e isso assusta muita gente. Penso bastante naquela música. Mais do que em qualquer outra música há muito tempo, ela trouxe à superfície certas coisas, acendendo uma discussão de como as coisas são fodidas.
Outra razão porque tenho ficado na moita é que estou tentando dar um tempo para o nosso sucesso sobreviver, e assumir responsabilidades pelo nível em que estamos. Eu não tinha energia suficiente para ficar em contato com a mídia. Em vez de ficar me relacionando com a mídia, tentava crescer em meu próprio espaço. Precisei fazer isso nos últimos anos. Levou anos para ultrapassar o sucesso de Appetite For Destruction. Eu pensava: "Por que será que as pessoas estão gostando de nós? Serão as mesmas que me detestavam?"
Existem muitas pessoas que têm medo do que pensam que eu poderia ser. Elas vêem o poder da música e das palavras, elas vêem as reações das pessoas à nossa música, e a reação natural é culpar a pessoa que faz a música. Não sou necessariamente responsável por essas reações. Eu escrevo, e a banda toca; isso vem do coração. Em nossas músicas mostramos situações em que estamos realmente fodidos, mas damos a volta por cima, e as pessoas assimilam a idéia de sobreviver aos obstáculos.
Eu estava assistindo hoje esse lance de "desmentalizar" os garotos. Tudo o que os pais sabem é que se eles vêem o filho ouvindo Ozzy Osbourne, tomando ácido e pintando cruzes de cabeça para baixo nas paredes, e os pais não sabem o que está acontecendo com ele, ou ela. Então concluem que a culpa é do Ozzy.

Então você está sendo culpado pelas cagadas da próxima geração?
Isso de acordo com os pais, ou de quem quer que seja. Existem muitas pessoas que não entendem ou não sabem manejar a rebelião de seus filhos.

É isso ai. Assumir responsabilidade pelas próprias ações e, se você tem um filho, responsabilidade pelas ações dele, é bem duro.
Especialmente uma responsabilidade que parte de nós nunca quis realmente, e que agora tem.

Porque o mundo tem uma concepção errada de você, especialmente sobre você ser um drogado?
Por acaso Bill Clinton não levou o maior cacete por ter admitido que ele experimentou maconha? Isso é besteira. O GN´R chegou ao topo da montanha escalando um monte de merda que sempre jogaram em nós. Estamos vivendo desse jeito, vivendo nossas músicas, e isso começou a nos matar. Era mudar ou morrer. Certas pessoas que viram que temos controle sobre nós próprios, controle sobre nosso físico e nossas vidas, escrevem que estamos todos sedados e previsíveis. Eles dizem que não vivemos mais no limite. Na verdade, eu estou vivendo no limite e aprendendo como domá-lo, ao invés de ser sugado.

Eu entendo o que você está dizendo, mas isso não responde a minha pergunta.
OK, primeiro, tomo vitaminas muito específicas, que ligam. Meu corpo precisa delas. Também estou envolvido em um extensivo trabalho emocional para atingir certos objetivos, e se estivesse tomando drogas pesadas isso iria interferir nesse processo. Estou fazendo vários programas de desintoxicação, para liberar as toxinas escondidas que estão lá por causa do trauma. Cheirar muita coca atrapalharia meu trabalho. Tomar drogas definitivamente interferia nesse meu trabalho.
Já fumar um pouco de erva não atrapalha muito. Atrapalha o trabalho no dia seguinte, mas algumas vezes me relaxa. Se estou pirando bem no meio de Idaho, então um pouco de maconha me ajuda a acalmar. Também, quando você deixa o palco, saindo de um mundo de muita energia para um mundo sedado, é duro. É como saltar de um penhasco com um carro, e é ai que posso queimar um pouco de fumo.

Você não fuma mais muita maconha.
Eu sei. Um ano atrás, enquanto estávamos gravando os discos, fumei muita maconha. Eu estava sofrendo muito e esse era o único jeito de me manter no ritmo para trabalhar. Era a única coisa que tirava minha cabeça dos problemas, que ajudava a manter a concentração para gravar o álbum. Ajudou a me manter naquele tempo. Agora iria interferir.

Você lembra quando se mudou para o estúdio The Record Plant e montou acampamento?
Não havia aquecimento na sala. Era frio e solitário, mas era o único lugar em que eu poderia ficar para me manter concentrado no trabalho. Era maneiro, mas também era escuro, frio e estranho! Cheguei num ponto em que algumas pessoas podiam sentir, pelo jeito como eu estava, pelo tom da minha voz, que eu não estava legal. Um amigo me trouxe alguns presentes de Natal. Outro veio sem se anunciar e ficou comigo no dia de Natal, porque eles estavam preocupados, achando que eu talvez não conseguisse segurar a barra. Eu não podia deixar o estúdio, mas também não podia voltar para casa por causa do meu vizinho. Era um pesadelo.
Era também muito louco, porque essas pessoas não sabiam nada sobre o Natal passado, quando eu estava dirigindo para casa, tentando achar alguém com drogas no caminho porque eu queria uma overdose. Sempre me lembrava do som do Hanoi Rocks, "Dead By Christmas". Já se passaram dois Natais desde então, e o Natal passado foi o melhor Natal que eu tive em 29 anos.


Por acaso o Robert (John, fotógrafo do Guns) tirou alguma foto de você lá?
Não.

Isso é chato.
Sim, é uma vergonha.

Seria uma puta foto. Essa e aquela, de quando você jogou seu piano fora através da porta de vidro que tem em sua casa.
Essas foram duas coisas que deveriam ter sido registradas. John Lennon não era tão envergonhado como eu sou. Ele mantinha uma câmera rolando o tempo inteiro.


Eu me lembro estar nos bastidores em San Diego, e você estava atrasado. As pessoas estavam muito tensas. Metade da minha preocupação era com o próprio trabalho, a outra metade era com você. Não era uma preocupação do tipo "Meu Deus, lá se foi a grana da reportagem", mas "Será que o Axl está legal?"
Nunca estive antes numa posição de ser o responsável pela renda e destino de pelo menos 60 pessoas, como acontece agora em relação ao nosso pessoal de apoio. Isso é difícil para mim. Se nós não tivéssemos feito um álbum agora, estaríamos numa turnê. Eu não teria escolhido essa responsabilidade agora. Mas não tenho muita escolha, especialmente se quero manter a minha carreira.
Gostaria de estar mais coeso emocional e mentalmente antes dessa turnê. Parte do trabalho de ser um membro do Guns N´ Roses é aparecer no palco e ser um super-homem. Nós temos que emergir acima da energia da platéia, emergir acima de qualquer coisa de ruim que tenha acontecido naquele dia, ficar acima de qualquer coisa que esteja em sua cabeça, enquanto que, ao mesmo tempo, tentando ficar acima de qualquer problema que esteja acontecendo em sua própria vida.
Quando digo que o GN´R está lutando para se manter acima, quero dizer que estamos fazendo o possível para sobreviver, e não algo como "Ei, nós somos melhores que vocês". Não quero dizer emergindo como sendo algo como alguém sedento de poder e crueldade para com o público. Tentamos ficar acima para sermos saudáveis e seguros de nós mesmos, e tentamos passar essa energia para as pessoas. É nisso em que estou trabalhando.

Me parece que está todo mundo caindo em cima de vocês por causa da sua demora em aparecer no palco.
Eu me dirigi à multidão em Phoenix e expliquei, "Talvez eu estivesse muito louco para não ter subido aqui mais rapidamente". Eles amaram isso. Talvez não pudesse me mover mais rápido porque eu estava uma merda.
Não gosto de irritar a galera por estar atrasado. Talvez lendo essa entrevista eles possam entender um pouco das coisas pela quais passo regularmente. É muito difícil, algumas vezes, subir no palco, porque sinto que não tenho como ir lá e vencer. Não subo no palco a não ser que saiba que posso vencer, e dar às pessoas retorno para e seu dinheiro. Estou lutando pela minha própria saúde mental, sobrevivência e paz. Estou me concentrando bastante em ajudar a mim mesmo, e, felizmente, posso suportar as pessoas com quem trabalho.
As pessoas me dizem que sou mimado. Sim, eu sou. Mas o que estou fazendo é para que possa realizar a minha função. Aprendi que quando acontece algum acidente com você, seu cérebro solta substâncias que ficam presas no músculo onde ocorreu o trauma. Elas ficam lá por toda a sua vida. Daí, quando você chega aos 50 anos, tem pernas ruins ou dor nas costas. Quando fica velho, é difícil carregar o mundo de coisas que manteve preso dentro do seu corpo.
Tenho trabalhado no sentido de soltar essas coisas, mas tão logo desprendemos uma coisa e o dano desaparece, algum novo músculo dói. Não é um machucado novo; é alguma velha lesão que, em função dessa minha própria sobrevivência, tive que enterrar. Quando sou massageado, não é uma coisa relaxante; é algo como uma massagem para um jogador de futebol. Tenho feito muitas coisas - terapia muscular, acupuntura, kinesiologia - quase todo dia em que estamos numa turnê.


O show sempre me pareceu como um pôquer, em que se tenta adivinhar o que Axl irá aprontar no palco. Por que isso?
Parte disso é porque o GN´R é um organismo vivo. Não é uma peça. Mesmo se eu estiver dando o mesmo pulo na mesma parte de uma música em particular, não é ensaiado. Este é o melhor meio de me expressar naquela ponte. Chego lá, e me solto. O jeito que me movo, como em "Brownstone", é a maneira de dar o melhor de mim. É como se fosse algo do tipo "Como posso dar o máximo de mim sem desistir da minha vida?" Como posso dar a vida e sair ileso disso?
Nós não entramos mais no palco como o Guns N´Roses costumava fazer, como um grupo punk - e não estou pegando no pé dos punks - pensando que se nós não estivermos vivos amanhã, tudo bem. Agora há bastante coisas dependendo do futuro e do GN´R. Como nós podemos dar tudo o que temos hoje, chegar amanhã e dar tudo de que dispomos de novo? Isso dá bastante trabalho, bastante esforço e bastante manutenção. Quando subi no palco em San Diego, tive que agradecer ao Nirvana. Usei a sua música para me inspirar. Copiei a atitude deles e subi no palco de jeans e camiseta - nunca faço isso, Fui lá e disse ao Slash que não sabia o que iria acontecer. Eu pensava que iria chegar lá e apagar. Se subo lá e não posso cantar por não ter energia, tenho que cair fora. Quando entrei no palco, a multidão emanava energia em nossa direção, e isso encheu meu tanque.
Há uma energia na multidão que, a menos que você tenha visto ou sentido, não tem como explicar. É muito amedrontador. Darby Crash (cantor da banda punk Germs, de Los Angeles) estava morrendo de medo dessa energia, e o único modo dele superar isso foi ficando completamente chapado, agindo como se ela não existisse, e mostrando que poderia fazer mais danos a ele mesmo do que qualquer um na multidão. Foi esse o modo como ele superou essa barra, mas essa atitude acabou matando Darby.



É tão estranho você ter se lembrado disso. Ontem mesmo estávamos falando de como o novo disco do Germs é legal.
Hoje estava assistindo The Decline Of Western Civilization (documentário a respeito da cena punk de Los Angeles no final dos anos 70, dirigido por Penelope Spheeris, a mesmo diretora de Quanto Mais Idiota Melhor.). Eu realmente gostava daquele cara, e me senti muito mal com sua morte.

Você sabe que alguns caras vão ler você falando em "viver no limite" e pensar que você quer dizer drogas e loucura, e todos aqueles outros clichês de Hollywood. Bom, já estou acostumado. São maneiras de lidar com a dor. Era um mecanismo de sobrevivência. Quando vejo alguém famoso dizendo "Não houve drogas em nosso caminho ao estrelato e blablablá" penso "Ei, eles se mantiveram vivos durante aquele tempo, não é? Se você não as tivesse, talvez não teria chegado lá."
Há muitas coisas que não nos ensinaram quando éramos pequenos. Existe muita dor represada ao longo desses anos. Você é ensinado a acreditar que é normal levar porrada na cabeça se você não come sua comida. Quando chega à adolescência, é tipo "Me dá uma cerveja. A vida é uma merda", Nunca poderia me ver tentando tirar de alguém o que a pessoa precisa para controlar suas emoções. Eu gostaria de mostrar às pessoas que dá para você passar por cima dessas coisas e não precisar delas nunca mais.
Não estou usando mais sexo e drogas como forma de escapismo, porque atingi um ponto em que não posso mais escapar. Não há saída. Tenho que viver com isso e encarar minha vida de frente. Eu era uma dessas pessoas que achava que não iria sobreviver ate a próxima semana. Achava que o mundo estava tão fodido e tão por baixo que atingir o sucesso não era superar tudo isso. Foi como dar a volta por cima em um monte de coisas, como o lado financeiro; aí você tem que aprender como mexer com dinheiro, porque senão você seria enterrado por isso, e ficaria muito mais deprimido.


Eu entendo o que você quer dizer.
Se você está trabalhando sem medo de chegar a alguma barreira intransponível, você pensa "foda-se". Em certos aspectos nós tivemos sorte, aqueles de nós que ainda estão vivos, que passamos por tudo isso. Há muita gente envolvida com rock´n´roll que esta fugindo de algo. Eles se envolveram com drogas e álcool para ajudar a diminuir a dor. Uma grande parte - provavelmente a maioria - dos roqueiros e fãs de metal são pessoas danificadas que estão procurando um jeito de se expressar. Eles podem se relacionar com a raiva, a dor, a frustração da banda que está dando o espetáculo... Posso te ligar de volta em meia hora?

 Claro. O que acontece?
É que eu quero comer alguma coisa...

 continua...